quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Brasileiro vai passar a trocar mais de casa

Wilson Amaral diz que crescimento do setor em 2011 será o dobro do PIB. "Não há bolha. O mercado da construção civil ainda está nos primórdios do desenvolvimento. O brasileiro compra imóvel para ele mesmo morar ou para o filho, não tem nada de especulação". A afirmação é de Wilson Amaral, presidente da Gafisa, maior construtora do país no segmento residencial e dona das marcas Tenda e Alphaville.

Na avaliação do executivo, o mercado imobiliário seguirá aquecido nos próximos anos, com preços em alta e taxas de crescimento superiores ao do PIB. "Não vai cair o preço", diz. "A necessidade de novas casas que no Brasil é de cerca de 1,5 milhões por ano. Temos uma demanda tão grande que, se o PIB crescer 4 ou 4,5% em 2011, vamos crescer pelo menos o dobro".

Segundo o presidente da Gafisa, com o crescimento da renda, desemprego baixo, inflação controlada e maior oferta de crédito, o brasileiro passará a comprar mais imóveis e a trocar mais vezes de residência. "Nos países desenvolvidos, as famílias mudam de residência até sete vezes em média ao longo da vida. No Brasil, a média não chega a duas casas. Mas isso vai mudar. É uma tendência clara", afirma.

Amaral destaca que lançamentos imobiliários para a média e baixa renda, sem obrigatoriedade de valor de entrada, eram raros até poucos anos atrás. "Financiar um apartamento novo em 30 anos, pagando R$ 450 por mês, isso não existia. A pessoa casava, entrava numa casinha e morria na casinha", diz.

Como em outros setores da economia, o segmento que mais cresce é o de média e baixa renda. Na Gafisa, a marca Tenda, voltada para empreendimentos de até R$ 200 mil, já responde por 36% do volume financeiro dos lançamentos da empresa. Dos 212 projetos em desenvolvimento do grupo, 100 são Tenda, 70 da marca Gafisa e 42 da Alphaville. Em cinco anos, a previsão é que a marca Tenda represente 50% dos negócios.

Os números consolidados de 2010 da Gafisa, que possui ações na Bovespa, só serão públicos em março. Pelos cálculos de Amaral, o total de vendas foi 22% maior que o registrado e 2009. Já no volume financeiro dos empreendimentos lançados, a estimativa é que o total em 2010 atinja R$ 4,6 bilhões, o que representará um crescimento é de 92%.

Perfil do novo comprador
A estratégia da Gafisa é atuar em todos os segmentos. Mesmo porque o cliente de hoje de um apartamento popular, de dois dormitórios e área entre 40 e 50 metros quadrados, pode se tornar amanhã o cliente de um imóvel de médio ou alto padrão.

Segundo Amaral, o cliente do novo mercado imobiliário costuma ter entre 25 e 30 anos, ganha entre R$ 3 mil e R$ 3,5 mil e que está na progressão da carreira. "Daqui a 5, 6 anos, essa pessoa vai ganhar mais, a família estará maior e chance dela comprar outra casa será muito grande", diz. "À medida que a nova classe C for sendo incorporada, essa progressão será natural", afirma o executivo de 57 anos, que reside atualmente na sua sexta residência.

Nas modalidades oferecidas atualmente pelas construtoras, o valor pago entre o lançamento e a entrega das chaves costuma ficar entre 25% e 30% do valor do imóvel, o que facilita bastante na hora de obter um financiamento. "Se a prestação coube no primeiro mês, a tendência é quitar o financiamento em menos de 30 anos, porque o valor mensal sempre cai", afirma Amaral.

Na Gafisa, o tempo médio entre o lançamento do imóvel e a inauguração é entre 2 anos e 2 anos e meio. Nos empreendimentos da marca Tenda, o prazo é menor, entre 12 e 18 meses.

Prédios sem tijolos para 'Minha Casa Minha Vida'
A Gafisa aposta no sucesso do programa "Minha Casa, Minha Vida" para alavancar as vendas no segmento de média e baixa renda. A construtora não revela o número de unidades contratadas dentro do programa, mas diz que o maior volume de entregas ocorrerá a partir desse ano. "Ninguém consegue entregar uma casa em um ano", afirma Amaral. "As empresas se mobilizaram, compraram os terrenos, aprovaram os projetos na Caixa, fizeram os lançamentos, venderam e agora estão entregando", diz Amaral.

A garantia e estímulos federais para esse modelo de moradia (a fase 2 do "Minha Casa, Minha Vida" prevê mais 2 milhões de residências) levou a Gafisa a implantar até uma nova tecnologia de construção de unidades padronizadas, com moldes de alumínio no lugar da alvenaria estrutural.

"São prédios sem tijolos", explica Amaral. "É um processo muito mais rápido e mais limpo. O acabamento das paredes é quase perfeito, não precisa fazer massa. Dá para fazer um prédio desse tipo em quatro, cinco meses".

No primeiro empreendimento com o uso desta tecnologia, em Cotia, a construtora ergueu 128 prédios de quatro pavimentos numa área de 450 mil m². A partir de seis modelos básicos de forma, a construtora dispõe atualmente de 30 tipos de plantas padronizadas e adaptáveis à legislação de cada cidade.

Embora o crédito seja crescente, o setor da construção civil já alerta para a necessidade de novos fundos para o financiamento imobiliário, que já está próximo a 4% do PIB. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) projeta que o financiamento imobiliário poderá chegar a 11% do PIB em 2014

"O país não vai conseguir desenvolver esse mercado só com os recursos da caderneta de poupança", afirma Amaral. "Com a estabilização econômica, o Brasil já está permitindo a criação de novos produtos como a securitização".
“Nos últimos 10 anos, aumentou o tamanho da varanda e diminuiu o tamanho da sala”

Tendências em alta
Segundo o presidente da Gafisa, a construção de condomínios com vários prédios e em áreas um pouco mais afastadas do centro das capitais é uma tendência em alta no mercado brasileiro. "Com mais torres, você costuma ter uma área de lazer maior e o condomínio costuma ser mais barato", explica.

Amaral admite, porém, que a carência de terrenos tem contribuído para o aumento do número de lançamentos fora das capitais. "O prédio mais antigo vai estar mais bem localizado, não tem jeito", diz. Segundo ele, o custo do terreno no preço total de um lançamento representa entre 5% e 10% na marca Tenda e entre 15% e 20% na marca Gafisa. "Já numa área nobre de São Paulo, por exemplo, esse custo pode representar 50%", afirma.

Segundo o executivo, é na infra-estrutura do condomínio e no desenho da planta do imóvel que os novos lançamentos costumam vencer a disputa pela preferência do comprador. "Hoje, a distribuição dos ambientes é muito mais inteligente. Já os antigos nem sempre há mais de uma vaga da garagem e varanda", compara.

"Nos últimos 10 anos, aumentou o tamanho da varanda e diminuiu o tamanho da sala. Essa tendência vai perdurar, pois a varanda gourmet é o sonho de consumo de qualquer um".

Fonte:G1

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