sábado, 8 de janeiro de 2011

Os jovens designers que fizeram a primeira década do século 21.

Objetos da série Hole in the Ground, do escritório de design londrino Raw Edges

"É quase mais fácil construir um arranha-céus que uma cadeira", disse em 1930 o arquiteto Mies van der Rohe.  Ele se referia à cadeira Barcelona, que havia pouco desenhara para a Feira Universal de 1929, realizada na cidade catalã de mesmo nome. Van der Rohe transportou o “menos é mais” de sua arquitetura para uma cadeira, e até hoje ela permanece na lista de clássicos do mobiliário.Já as décadas de 1950 e 1960, dominada pelo design dinamarquês, ganhou força com o aperfeiçoamento do plástico, que rendeu clássicos como a cadeira S, também conhecida pelo nome do seu criador, Panton (Verner Panton, 1960), e a exploração da madeira compensada moldada, como na Ant e na Egg (Arne Jacobsen, 1952 e 1958).Mas o que dizer da década de 2000? A sensação no desfecho desse período é a de que não há mais espaço para apenas mais uma cadeira bonita. Agora, para entrar para o hall da fama do design de mobiliário, os novos nomes emergidos nesta década precisaram emocionar e aderir à maior bandeira da década: inovação.Um dos traços mais fortes da busca por um design emocionante é um sutil mimetismo. Carregar simbolicamente o objeto em suas entrelinhas, sem cair na resposta fácil de ornamentos ou no espalhafatoso. Em vez de sofás vermelhos na forma da boca de Marilyn Monroe, surgiram peças com um humor mais delicado – como o armário Valises, do belga Maarten de Ceulaer.Ao fazer um móvel que se assemelha a um amontoado de malas justapostas, Ceulaer tornou-se um dos maiores destaques da Feira de Milão de 2009. Já a dupla israelense do Raw Edges explora o bom humor na disposição caótica de linhas e cores de sua cômoda Stack – muito diferente da poética cadeira Bouquet de Tokujin Yoshioka ou da homenagem do suíço Yves Béhar a São Francisco – o designer do “laptop de US$ 100,00” do MIT pensou na estrutura pênsil da ponte Golden Gate para fazer a cadeira Sayl, produzida pela Herman Miller.Quanto à inovação, ainda há muito espaço para explorar na próxima década – afinal, móveis parecem não ter seguido um ritmo tão intenso quanto os eletrônicos. Mas boas ideias surgiram, como o sofá recombinante Confluences, dePhilippe Nigro. Em vez de pensar em um sofá para uma família nuclear, ele criou um sistema de poltronas que pode ser montado em várias configurações - tal como os modelos de família, hoje, são muito mais diluídos. Uma ideia semelhante é o conjunto de puffs Campo, da ,ovo, com os quais se forma um sofá como um quebra-cabeças. Outro exemplo é a estante modular 7, de  Zanini de Zanine.[Image]Sofá composto por módulos da série Campo, desenvolvida pelo escritório de design ,ovo E o potencial criativo do Brasil finalmente começou a ser reconhecido. Não é à toa que a produção do país foi escancarada este ano na edição monotemática da revista britância "Wallpaper" intitulada "Born in Brazil".Enquanto a China serve de base industrial para a indústria do design e a Índia divide sua força criativa entre serviços para tecnologia da informação e soluções para pessoas de renda baixa ou inexistente, o Brasil fez renascer sua tradição de design, até então pouco conhecida além de móveis de Oscar Niemeyer e de Paulo Mendes da Rocha. Os grandes responsáveis por isso foram, ainda na década de 90, os irmãosHumberto e Fernando Campana.Por isso, não é de surpreender que alguns dos novos nomes são ex-alunos da dupla. Uma delas éCarla Tennenbaum, cujo trabalho é centrado na reciclagem de resíduos da indústria têxtil. Outro é Leo Capote, príncipe da sucata. Sua influência também é clara nos trabalhos com materiais reciclados de Brunno Jahara e Rodrigo Almeida, que usa mochilas, elásticos e roupas para criar móveis que sintetizam a diversidade cultural brasileira.Mas é verdade que a produção brasileira não se limita à escola dos Campana. A dupla do Nada se Leva, por exemplo, parte para o acrílico ao gosto da italiana Kartell, e a espreguiçadeira Paulistana, de Flavia Pagotti mostra que a tradição modernista não se apagou. Já José Marton criou um dos padrões mais bonitos da década em sua coleção Entrelinhas.Fora da lojaO fortalecimento do design industrial em todos os aspectos do dia a dia e a produção em massa de peças clássicas também levou ao movimento oposto: um novo espaço para peças de conteúdo conceitual, produção artesanal e caráter exclusivo que, ao perder sua função utilitária e sua reprodutibilidade, se pretendem artísticas. Dizem não criar produtos, mas projetos, vendidos não em caras lojas de móveis espalhadas por todas as metrópoles globais, mas apenas em galerias de arte.O exemplo atualmente mais reverberado disso são objetos orgânicos de papel mâché do espanholNacho Carbonell, aprovado (e comprado) por Brad Pitt, conhecido amante da arquitetura. Outro designer conceitual é seu conterrâneo Jaime Hayón, que desenha sofás em forma de salsicha e poltronas com cobertura em formato de cabine telefônica. Essa busca por exclusividade também atingiu a produção em série – como no trabalho dePeter Traag, cujas técnicas levam a produtos únicos, como a injeção de poliuretano, que se acomoda de forma aleatória.Mas o extremo da negação da produção em massa de clássicos do design veio com o ultrajovem Maarten Baas, que decidiu simplesmente incendiá-los. Queimou mobiliário de Gerrit Rietveld, Charles e Ray Eames, Etore Sottsas, Irmãos Campana e até um piano Steinway, para depois restaurá-los com resina epóxi. Naturalmente, ganhou notoriedade, e segue para a próxima década como um dos vanguardistas de um design nascido no novo milênio, no qual pura beleza não importa mais: vale o caráter da peça.

Sofá composto por módulos da série Campo, desenvolvida pelo escritório de design.

Fonte: Maurício Horta

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