quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tempo de agir para os investidores pessoa física

Em matéria publicada recentemente, o Valor explorou o fato de que a remuneração de 1% ao mês está cada vez mais distante do investidor brasileiro. A informação é relevante e deve provocar a reflexão de todos que estejam planejando o seu futuro.

Há uma expressiva queda no resultado de uma aplicação de R$ 100 mil, durante 20 anos, à taxa de juros real vigente em cada um dos quinze anos entre 1996 e 2010. Se à taxa do primeiro ano acumulava-se um montante de R$ 2,45 milhões além da inflação; hoje, o valor chega a apenas R$ 270 mil.

Essa queda na remuneração das aplicações tradicionais de renda fixa é um processo irreversível e obrigará o investidor brasileiro a abandonar a cômoda posição que as altas taxas de juros lhe permitiam assumir.

Primeiramente, o investidor deverá perceber que quanto menor a taxa de juros na economia, mais relevantes serão décimos de rentabilidade adicional. Diferenças que não motivavam sequer um telefonema ao gerente devem passar a mobilizar o seu instinto de preservação e a busca por remunerações maiores.

Em segundo lugar, o investidor precisará rever o prazo de investimento. Em virtude dos anos de incerteza vivenciados, a preferência geral ainda é por aplicações mais curtas. Mas se os juros caírem ali na frente, aplicações mais longas farão sentido, pois permitirão garantir por um prazo maior remunerações que deixarão de existir.

Um exemplo é uma comparação de uma aplicação de R$ 100 mil remunerada por taxas equivalentes a 100% e a 90% do CDI. A diferença de rentabilidade, que no primeiro ano atinge R$ 1.075,00, pode parecer insuficiente para motivar o investidor a agir. Mas essa diferença ganha proporções relevantes após 20 anos, quanto atinge R$ 136.588,22.

A educação é outro ponto a ser priorizado. Se as aplicações tradicionais perdem eficácia, é fundamental conhecer outros instrumentos. Não dá mais para ter ojeriza a termos técnicos e a produtos novos. As pessoas devem buscar incorporar o mercado financeiro em suas vidas, tornando a prática do investimento algo habitual. Nesse sentido, a orientação de especialistas ganha especial relevância e deve ser buscada pelos investidores como uma prioridade.

É importante a percepção de que a perda de atratividade é mais intensa nos produtos tradicionais, de domínio público, em que a maior demanda acaba gerando taxas menos atraentes. Quando o investidor se abre para outras alternativas percebe que existem opções com riscos absolutamente aceitáveis e remunerações bem mais robustas.

- Fundos de Recebíveis, os FIDCs: justamente por serem produtos de maior complexidade e geralmente com prazos mais longos, esses fundos ainda oferecem prêmios de remuneração. Não é raro encontrarmos FIDC's com classificação de risco "Triplo A" de uma agência de classificação de risco reconhecida internacionalmente com uma rentabilidade alvo entre 115% e 120% do CDI.

- Fundos Imobiliários e Certificados de Recebíveis Imobiliários, os CRIs: apesar de seu histórico superior a 15 anos, o patrimônio investido em fundos imobiliários no Brasil ainda não chega a 1% de participação na indústria de fundos. Por essa razão, ainda proporcionam uma rentabilidade diferenciada.

Temos visto o lançamento de fundos imobiliários que se propõem a adquirir CRIs e almejam rentabilizar seus cotistas em IGPM+8% ao ano. Um retorno atraente e que se torna ainda mais interessante em virtude da isenção de imposto de renda sobre os ganhos para a pessoa física, própria desses produtos.

Não há dúvida! Os investidores brasileiros têm um belo dever de casa pela frente se quiserem reduzir ou adiar o impacto da queda da taxa de juros no retorno de seus portfólios. É vital que assumam uma postura proativa e aberta a novos instrumentos de investimento que hoje ainda oferecem prêmios de rentabilidade.
E, sem abrir mão da compreensão dos riscos, deverão ter em mente que tão logo os conceitos sejam melhor difundidos e esses produtos passem a constar das prateleiras das casas de investimento, os prêmios hoje existentes cairão ou deixarão de existir. É tempo de agir.

Ricardo Binelli é sócio-diretor da PETRA - Personal Trader CTVM S/A
E-mail ricardo.binelli@petracorretora. com.br

Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Fonte: Jornal Valor Econômico


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