terça-feira, 30 de novembro de 2010

Os possíveis cenários para o crédito imobiliário brasileiro

Diante da crescente demanda por crédito imobiliário, existe possibilidade real de em 2014 os recursos da poupança se tornarem insuficientes para financiar a produção e aquisição de imóveis, paralisando o mercado. No seminário Dia do Crédito Imobiliário, promovido pelo Secovi-SP em 23 de novembro, em que as alternativas a esse esgotamento foram debatidas por representantes de bancos públicos e privados, Osmar Martinez, gerente nacional de Negócios Imobiliários para Pessoa Jurídica do Bradesco, expôs os quatro cenários possíveis para o crédito imobiliário brasileiro: manutenção da exigibilidade dos recursos da caderneta de poupança com Selic em alta; manutenção da exigibilidade com Selic baixa; fim da exigibilidade com a Selic elevada; e fim da exigibilidade com a Selic baixa.

Considerando que a poupança cresce a 20% ao ano, enquanto o crédito imobiliário cresce a 40%, a melhor opção é que a poupança deixe de ser a principal fonte de financiamento. “Esta última possibilidade - fim da exigibilidade dos recursos da poupança e Selic baixa - é o melhor dos mundos, pois será possível investir os ativos dos bancos em fontes primárias (empreendimentos imobiliários) e secundárias (papéis de crédito imobiliário)”, disse Martinez.

“O custo do dinheiro é medido pelo quanto de moeda é investido na economia. Sem que o banco tenha de aplicar um teto máximo de recursos em habitação e obedecer o Mapa4, o crédito imobiliário passa a ser, efetivamente, negócio”.

Fontes alternativas de recursos

Com a previsão de esgotamento da poupança, Luiz Antônio Nogueira de França, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), defendeu o covered bonds, a securitização, a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LTI (Letras Financeiras com Lastro Imobiliário) como fontes de recursos para o crédito imobiliário.

Martinez, do Bradesco, defendeu o estímulo à emissão de LCI e Fernando Baumeier, superintendente da área de Planejamento e Funding de Negócios Imobiliários do Santander, considerou os covered bonds como a grande saída para a falta de recursos no Brasil, pois o risco fica completamente com os bancos, além das LCIs, da securitização e dos fundos de pensão.

“Na Alemanha, esse instrumento de crédito, que já tem mais de 50 anos de uso, não registrou um único default. E na Espanha, 50% da carteira hipotecária foi gerada com covered bonds, que distribuirão 28 bilhões de euros até 2020. Esse mercado é pujante e assegura os investidores e os sistemas bancários”, concluiu.

Hus Morgan Daroque, superintendente de Crédito Imobiliário do grupo Itaú-Unibanco, defendeu um mix de três fundings: poupança (captação de curto prazo), securitização e covered bonds ou LCIs, que são fontes de captação de longo prazo.

Da mesma forma pensa o superintendente executivo de Crédito Imobiliário e Consórcio do HSBC, Antonio Barbosa. “A poupança não acabará, mas vai depender da quantidade de fundings disponíveis. A composição desses fundings garantirá o crescimento do mercado e da economia”, opinou.

O presidente do comitê de produtos financeiros imobiliários da Anbima, Rodrigo Machado, disse que apesar de o covered bonds ser uma solução possível para a falta de crédito imobiliário, o instrumento atrela o mercado à capacidade de endividamento do investidor, e isso não é muito seguro. “O mercado de capitais, por sua vez, é limitado à capacidade de poupança do mundo”, defendeu.

Conforme Machado, os fundos de pensão ainda não trabalham com toda a sua capacidade e assim como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de longo prazo, indexados a preços e com boas garantias para os investidores. “O mercado secundário ainda não é uma realidade, mas estamos transformando essa indústria, que tem condições de ser o pilar de sustentação do setor imobiliário quando os recursos da poupança se tornarem insuficientes”, finalizou.

Para incentivar o avanço da securitização no Brasil, Sergio Odilon dos Anjos, do Departamento de Normas do Sistema Financeiro do Banco Central, defendeu o cadastro positivo, pois a previsão contratual mitiga riscos financeiros, que por sua vez evitam a criação de passivos para as instituições financeiras. “Transparência nas operações permitem favorecimento aos clientes. Deve-se lembrar que o crédito imobiliário é a porta de entrada para fidelizar a relação desses clientes com os bancos”.

Na análise do representante do Banco Central, as letras financeiras com lastro imobiliário têm público distinto, são instrumentos modernos e devem ser estimulados. “Aperfeiçoamentos precisam ser feitos com muita cautela para que as LFIs não percam suas características”, recomendou.

Quanto às novas fontes de recursos, Odilon dos Anjos falou da necessidade de melhorar o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), a fim de permitir a ampliação dos prazos de financiamento. “Afora isso, as condições são satisfatórias para estimular o mercado secundário, pois a inadimplência permanece em queda e o mercado adotou o loan-to-value definido no tratado de Basiléia II, que permite a mitigação de riscos financeiros”.

Fonte:
R7/Imóvelweb



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