quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O que muda para o investidor com a nova bolsa

 

Apenas a expectativa de chegada de um rival fará a BM&FBovespa correr para oferecer serviços melhores e mais baratos, dizem corretoras

Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos e em muitos países da Europa, o negócio de bolsa de valores no Brasil é tipicamente monopolista. Até existem duas empresas no país responsáveis por transações, custódia e liquidação de ações e títulos. A BM&FBovespa domina as áreas de contratos futuros, agrícolas, ações e opções. Já a Cetip é um mercado de balcão organizado que realiza a custódia e liquidação financeira de títulos públicos e papéis de renda fixa. A empresa tem planos para crescer também nas áreas de derivativos e compra e venda de financiamentos bancários. Como uma quase não atua nos segmentos da outra, as duas não podem ser consideradas concorrentes diretas. O resultado é que o monopólio dá à BM&FBovespa um poder para cobrar de corretoras e investidores taxas proporcionalmente superiores às pagas em mercados onde existe concorrência.

As corretoras pagam diversas tarifas à bolsa, como para fazer o cadastro dos clientes, para fornecer as informações financeiras em tempo real e para estarem conectadas ao sistema de negociações de ativos da bolsa. Dependendo do número de funcionários que uma corretora possui, essas taxas somadas podem ser a primeira ou a segunda maior despesa mensal de uma corretora. Já as taxas cobradas dos investidores são altas tanto para pessoas físicas quanto para instituições financeiras. A taxa de custódia, por exemplo, custa 6,90 reais ao mês para um pequeno aplicador. Só para manter uma posição em ações durante um ano, sem realizar nenhuma negociação, alguém que investiu 1.000 reais terá de pagar 82,80 reais à bolsa. O número é tão alto que inviabiliza o mercado acionário para quem tem pouquíssimo dinheiro.

O anúncio feito neste mês pela bolsa americana Bats Global Markets e pela gestora de recursos brasileira Claritas de que vão criar uma nova bolsa no Brasil para concorrer com a BM&FBovespa muda toda a lógica desse jogo. A Bats é uma espécie de bolsa "low cost, low fare" nos Estados Unidos e na Europa. Foi criada e ganhou mercado a partir da proposta de ser uma alternativa mais barata para a negociação de ativos nos países onde atua. Não há por que imaginar que a estratégia será diferente no Brasil.

"Com um novo concorrente, todo mundo ganha, menos a BM&FBovespa", diz Marcio Cardoso, diretor da corretora Título. É por esse motivo que as ações da bolsa são surradas no mercado sempre que são divulgados sinais de que a nova bolsa vai sair. Um concorrente "low cost" teria um impacto direto na lucratividade da empresa. A margem Ebitda da BM&FBovespa está hoje em cerca de 65% - uma da maiores do país. Para a analista-chefe da corretora Spinelli, Kelly Trentin, a margem poderia chegar a impressionantes 90% em 2021 com a manutenção do monopólio. "Mas provavelmente terei de rever a previsão agora que esse cenário ficou menos provável", afirma.

Para os investidores que não veem a hora de pagar menos taxas para a BM&FBovespa, um alerta: a nova bolsa vai demorar vários anos para começar a operar. Há ao menos seis grandes barreiras de entrada que terão de ser enfrentadas pelo novo competidor (leia mais nas próximas páginas). Superá-las vai demandar, além de paciência, muito dinheiro. Tanto que todo o mercado hoje se pergunta se valeria a pena fazer um grande investimento em um mercado como o brasileiro, que, para muita gente, não tem liquidez suficiente para comportar duas bolsas. "O Brasil já teve muitas bolsas no passado, mas foi exatamente por falta de liquidez que todas elas morreram", diz o João Roberto Lerosa Filho, presidente da Lerosa Investimentos.

Fonte: Exame
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